domingo, 24 de fevereiro de 2013



                 Todo álbum tem um som que é seu!


 # 3 Fun House, The Stooges, 1970

Saudações Internet felina! 
 É com lagriminha no olho que volto a postar nesse amado e empoeirado blog!Os motivos do abandono? TCC, falta de organização de tempo e talvez uma certa falta de confiança. Mas vamos que vamos que o som não pode parar, não é o que dizem?

Toda grande volta tem um grande motivo e um grande empurrão divino. Quando decido voltar a postar para o 1001 discos, não sabia sobre qual álbum escrever. Mas queria que fosse algo realmente especial.

Volto um pouco antes no tempo quando comecei, desde o final do ano passado a pesquisar um pouco mais sobre Punk. Viajando por Velvet Underground, conhecendo a fantástica Nico, parando pra saber sobre as poesias de Patti Smith, relembrando meus querdinhos Ramones, parei para conhecer o tal Iggy and  the Stooges. De cara, me apaixonei por Ron Asheton,o guitarrista, ele era o cara mais sossegado e cool no meio daquela balbúrdia toda. Coisas que não se explicam. Não conseguia acreditar nas historias do Iggy Pop e até entendo porque hoje em dia ele está com essa aparência horrorosa, parecendo que tem mais de 300 anos. E descobri também porque depois de tantos anos, o The Stooges é tão fantástico e ainda é referência de muita molecada por aí.

Algum tempo depois, querendo postar sobre algum disco realmente bom e que fez a diferença pra muita gente, não só para mim, resolvo abrir o livro 1001 discos para ouvir antes de morrer, na primeira página marcada por alguns papéis que não sabia onde guardar e guardei ali,por acaso. E lhes digo, leitores, que ao abrir a esquecida página marcada sem motivo algum , dou de cara com a famosa foto de Iggy Pop andando nas mãos da galera alucinada. O álbum? Fun House, o segundo trabalho dos Stooges.
Ele, entre os 999 álbuns restantes. E alguém aí vai me dizer que é só coisinha de coincidência? Sei. Junto com meu susto, uma frase surge do nada em minha cabeça:
“Todo álbum tem uma música que é só sua” Sabe, aquela música que você vai ouvir todos os dias em todos os momentos, até enjoar.

  Com o CD em mãos (esse eu tive que comprar), passeio pelas sete operetas gravadas ali. Logo a primeira “Down On The Street”, ouvindo aquela introdução e o som seco e direto da guitarra de Ron, já sabia qual era o meu som. Introdução fantástica. Essa introdução bem Rock n Roll se parece muito com a trilha sonora de qualquer filme onde a cena é a mais importante,. É a trilha  que mostra que algo vai acontecer. Imaginem, uma câmera subindo , fazendo um Tilt, sabe, a câmera subindo dos pés até a cabeça do personagem mais bacana da cena, onde ele anda, com pose de machão e vai fazer algo muito louco. Vai resolver a situação. Algo vai acontecer.
O álbum começa assim.
Passei outras faixas (tudo isso as três da manhã), gostei de “Loose”, adorei “T.V Eye” e o jeito como ela engana a gente no final, mas voltei  para a  faixa um . Ouvi mais um pedaço de todas, voltei para um. Depois de terminar “L.A  Blues”, a última, fiquei com medo dos gritos infernais de Iggy, e coloquei de novo na primeira música. Ouvi mais duas vezes. No dia seguinte, lá vou eu de novo “descer a rua”. Esse é o meu som . É ela que toca exatamente nesse momento da vida onde só espero que algo aconteça. Ou que eu dê o grito de guerra e caminhe bem devagar para resolver alguma coisa. Essa é minha trilha. Encontrei meu som! Câmera em mim, “to” chegando com a pose mais mala!

Voltando ao “Fun House” como um todo, esse é o segundo trabalho da banda, dessa vez, produzido por Don Galluti. John Cale produziu o primeiro trabalho, que foi muito criticado e desacreditado e por isso uma troca foi inevitável. E as coisas certas aconteceram.
De acordo com o livro , o álbum é dividido em duas partes “ festa e ressaca”. Na minha opinião, os dois lados  são bem agressivos, mesmo na parte da festa.
Guitarra e linha de baixo casando muito bem em um som seco, direto, um soco na cara por farra dos caras. Os gritos de Iggy soam cada vez mais agressivos em cada música, sendo bem aparados pela “parede de barulho” da banda,terminando com a ressaca de “L.A Blues”, que não é bem um blues como o nome diz,mas um som distorcido, selvagem, assustador. (Ainda mais quando a gente coloca esse CD pra tocar quando já estamos na cama e  esperando que ele seja canção de ninar. )

Músicas diretas e letras que falam sobre festa, diversão, apaixonar se por uma noite e ficar com “Twat Vibe Eye” (olhar de comedor) em quem a gente nem sabe quem é. Na já tão citada faixa de abertura, tudo isso se mistura com aquela depressão de quem sai em busca de diversão, mas no fundo talvez só esteja querendo espantar alguns fantasmas. Vale dizer que quase tudo foi gravado a baixo custo ( já que a Elektra Records nunca deu muito crédito pros caras mesmo), e praticamente ao vivo! Dizem que não teve muito ensaio e nhen nhen nhém. Entraram , gravaram e pronto. Nos intervalos, as festas regadas  a sexo e drogas e drogas de novo fizeram todo o cenário das gravações e é incrível como, anos depois, a gente sente esse clima denso de tudo que deve ter rolado por ali.

E o mais bacana nessa historia de Punk Rock é que você nunca vai ouvir a mesma sonoridade e sentir a mesma vibração em discos de bandas que surgiram na mesma cidade, na mesma época e de pessoas que se conheciam e tinham algo em comum. Não tem como comparar Stooges com Television, nem com o primeiro álbum dos Ramones e nem ouvindo “Personality Crisis” do New York Dolls. São coisas muito diferentes. Não é padrão. Não é cópia. Eram apenas garotos que queriam fazer seu próprio som e para isso não existia barreira. Nem a de não saber tocar. Pois muitos deles não sabiam. Iggy aprendeu bateria muito cedo, viajou aprendendo sobre blues, mas os irmãos Asheton ,por exemplo, não sabiam.
E isso me importou ao ouvir a intro de “Down on the Street”? A resposta é não. Pois se não sabiam, aprenderam. E com muito mais sentimento que muito caboclo estudado por aí.

Destaques para “TV Eye”, “1970” e “LA Blues”

Por hoje é só! Cuidem –se, juízo e som bao na cabeça! O som de vocês! Aquele que sua banda de cabeceira fez parecendo que colocou seu nominho ali,depois de tudo!

Fun House, EUA, 1970, Elektra Records

01 – Down On The Street ( Alexander, R. Asheton, S. Asheton, Pop)      3:42 
02 – Loose ( Alexander, R. Asheton, S. Asheton, Pop)                            3:33 
03 – T.V Eye ( Alexander, R. Asheton, S. Asheton, Pop)                         4:17
04 -  Dirt ( Alexander, R. Asheton, S. Asheton, Pop)                                7:00
05 – 1970 ( Alexander, R. Asheton, S. Asheton, Pop)                              5:15
 06 – Fun House ( Alexander, R. Asheton, S. Asheton, Pop)                     7:46
 07 – L.A Blues ( Alexander, R. Asheton, S. Asheton, Pop)                      4:55


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